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segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

A BAIANA E O POETA



O poeta Neruda com seus versos entusiasmados sempre me encantou. Lírico, apaixonado, engajado e defensor das injustiças sociais do seu tempo, usando as palavras para louvar e defender idéias. Comecei a aproximação com a sua poesia na década de 70 quando recebi de presente uma antologia. Para conhecê-lo melhor li sua autobiográfia "Confesso que vivi" e compreendi que sua poesia era um reflexo da sua participação política e seu amor ao seu país e as mulheres.
Assim, um dos projetos da viagem era visitar as três casas do poeta que hoje são museus mantidos pela Fundação Pablo Neruda. Quase consegui. Deixei de vistar "La Sebastiana", por ironia do destino, não consegui chegar lá por conta de uma manifestação de funcionários públicos de Valparaíso que bloqueava a estrada.


Iniciei pela que fica em Santiago: "La Chascona" ( a descabelada em língua quichua) , nome em homenagem a Matilde, que tinha seus cabelos ruivos geralmente despenteados. A casa foi construída no bairro Bellavista para que ela morasse quando eles viviam um romance clandestino. 
Ecos do romance entre Pablo e Matildes, estão em muitos lugares da casa como as iniciais dos dois, ou o retrato dela (imagem da internet) feito pelo pintor mexicano Diego Rivera, onde o perfil do poeta aparece entre os seus cabelos.


Não é possível fotografar o interior das casas, contentem-se com a sala vista pelo lado de fora.


Na visita recebemos um audiofone e em cada cômodo das casas vamos sabendo um pouco da história do morador ilustre e dos seus objetos. Assim sei que o poeta interferiu bastante nos projetos do arquiteto catalão Germán Arias, com idéias, sugestões de mudança, podendo se dizer que foi co autor das casas visitadas.

A Casa de Isla Negra, é a mais interessante de ser visitada, pela beleza do seu entorno. A construção fica inserida num terreno à beira mar, não é uma ilha, mas o nome de uma vila de pescadores.

Ouço no audiofone que Neruda comprou o terreno com uma cabana de pedra de um marinheiro espanhol, pensando em ter aqui um refúgio para escrever o "Canto Geral" em 1943. Foi construíndo a casa aos poucos.

Amante do mar, apesar de nunca ter sido navegador, gostava de ficar perto dele, as casas estão cheias de referencias marítimas. Como este barco no jardim.


Outra peça interessante é este campanário. Dizem que aqui o poeta fazia seus encontros com os amigos, faz sentido ´porque perto está o bar, que podemos ver apenas através da janela. A vontade que tive foi voltar no tempo, tomar um pisco (aguardente de uva) junto com o poeta, ouvir sua risada e conversar muito.


No interior nos surpreendem as esculturas das carrancas de proa dispostas na sala de estar, e o "cavalo mais feliz do mundo", um grande cavalo de gesso, uma das memórias de infância. Algumas obras de arte, fotografias, livros, mas muitas quinquilharias diversas: antigos instrumentos de navegação, globos terrestres, coleções de veleiros dentro de garrafas, caracóis marinhos, borboletas empalhadas.

As casas são reveladoras fantasia, humor, evocações da infância, a proximidade com os amigos. O tema persistente do mar, tantos nos objetos decorativos, como nestas esculturas na parte externa da casa de Isla Negra. 




O poeta e Matilde tem suas sepulturas no jardim da casa (não quiz anexar a foto das sepultura), como ele pediu no poema Disposições.




Compañeros, enterradme en Isla Negra,
frente al mar que conozco, a cada área rugosa
de piedras y de olas que mis ojos perdidos
no volverán a ver.
Cada día de océano
me trajo niebla o puros derrumbes de turquesa,
o simple extensión, agua rectilínea, invariable,
lo que pedí, el espacio que devoró mi frente.

Cada paso enlutado de cormorán, el vuelo
de grandes aves grises que amaban el invierno,
y cada tenebroso círculo de sargazo
y cada grave ola que sacude su frío,
y más aún, la tierra que un escondido herbario
secreto, hijo de brumas y de sales, roído
por el ácido viento, minúsculas corolas
de la costa pegadas a la infinita arena:
todas las llaves húmedas de la tierra marina
conocen cada estado de mi alegría,

saben
que allí quiero dormir entre los párpados
del mar y de la tierra . . .
Quiero ser arrastrado
hacia abajo en las lluvias que el salvaje
viento del mar combate y desmenuza,
y luego por los cauces subterráneos, seguir
hacia la primavera profunda que renace.



Para visitar as casas museus você pode fazer através pacotes de diversas agencias de turismo ou por conta própria. Fiz em "voo solo", agendei anteriormente no site da Fundação os horários de visita. Os endereços e mapas estão disponíveis lá. Paga-se uma entrada e recebe-se o audiofone que guia a visita.

Para chegar a Isla Negra de ônibus ir ao Terminal Alameda, dentro da Estação de Metro -  Universidade de Santiago. O motorista indica o local de parada (os chilenos são bem gentis). Cerca de 1 h e meia de viagem.

4 comentários:

Bel 9 de dezembro de 2013 às 22:25  

Ai, confesso que li superficialmente, pra não ficar com muita vontade de ir... já que não vai dar pra ser nem tão cedo.
Mas adorei a ideia e a realização!!!
Bjooo

Ramon Pinillos Prates 10 de dezembro de 2013 às 09:19  

Tem que agendar com antecedência pra poder visitar? Poxa, quanta burocracia. hehehe

Tucha 10 de dezembro de 2013 às 11:32  

Bel, não precisa ir agora, sei que vc já tem uma agenda de viagens cheia (kkkk) mas um dia quem sabe.

Ra o agendamento é só pra não ter que esterar tanto, já que o movimento é grande. Se vc chega no momento em que há um onibus de escolares, vc vai ter que esperar todos verem.... se marcou entra primeiro.

Bergilde 13 de dezembro de 2013 às 06:40  

Tucha,bom dia e um abraço fraterno já desejando boas festas pra você junto aos seus.
Estas postagens estão fantásticas e as fotografias excelentes,com uma iluminação maravilhosa que encantam nossos olhos e a leitura muito agradável também pelos detalhes e precisão como você vem descrevendo estas experiências vivídas no Chile.Mostrei pra meu filho mais velho,já interessado em pinturas e esculturas que ficou deslumbrado com este incrível pedaço da América do Sul.
Parabéns por todo o relato!

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