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sexta-feira, 29 de março de 2013

RESSUREIÇÃO

Apesar das idéias ocorrerem estou muito envolvida com atividades de trabalho e sem tempo para sentar e transforma-las em um texto. Uso então um poema da Elisa Lucinda que enviou uma amiga. De forma poética retrata os nossos altos e baixos pela vida.




ELEVADOR DO FILHO DE DEUS

A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida 
Que eu já tô ficando craque em ressurreição.
 
Bobeou eu tô morrendo
 
Na minha extrema pulsão
 
Na minha extrema-unção
 
Na minha extrema menção
 
de acordar viva todo dia
 
Há dores que sinceramente eu não resolvo
 
sinceramente sucumbo
 
Há nós que não dissolvo
 
e me torno moribundo de doer daquele corte
 
do haver sangramento e forte
 
que vem no mesmo malote das coisas queridas
 
Vem dentro dos amores
 
dentro das perdas de coisas antes possuídas
 
dentro das alegrias havidas
 

Há porradas que não tem saída
 
há um monte de "não era isso que eu queria"
 
Outro dia, acabei de morrer
 
depois de uma crise sobre o existencialismo
 
3º mundo, ideologia e inflação...
 
E quando penso que não
 
me vejo ressurgida no banheiro
 
feito punheteiro de chuveiro
 
Sem cor, sem fala
 
nem informática nem cabala
 
eu era uma espécie de Lázara
 
poeta ressucitada
 
passaporte sem mala
 
com destino de nada!
 

A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida
 
ensaiar mil vezes a séria despedida
 
a morte real do gastamento do corpo
 
a coisa mal resolvida
 
daquela morte florida
 
cheia de pêsames nos ombros dos parentes chorosos
 
cheio do sorriso culpado dos inimigos invejosos
 
que já to ficando especialista em renascimento
 

Hoje, praticamente, eu morro quando quero:
 
às vezes só porque não foi um bom desfecho
 
ou porque eu não concordo
 
Ou uma bela puxada no tapete
 
ou porque eu mesma me enrolo
 
Não dá outra: tiro o chinelo...
 
E dou uma morrida!
 
Não atendo telefone, campainha...
 
Fico aí camisolenta em estado de éter
 
nem zangada, nem histérica, nem puta da vida!
 
Tô nocauteada, tô morrida!
 

Morte cotidiana é boa porque além de ser uma pausa
 
não tem aquela ansiedade para entrar em cena
 
É uma espécie de venda
 
uma espécie de encomenda que a gente faz
 
pra ter depois ter um produto com maior resistência
 
onde a gente se recolhe (e quem não assume nega)
 
e fica feito a justiça: cega
 
Depois acorda bela
 
corta os cabelos
 
muda a maquiagem
 
reinventa modelos
 
reencontra os amigos que fazem a velha e merecida
 
pergunta ao teu eu: "Onde cê tava? Tava sumida, morreu?"
 
E a gente com aquela cara de fantasma moderno,
 
de expersona falida:
 
- Não, tava só deprimida.



2 comentários:

Bergilde 3 de abril de 2013 às 05:44  

Uma mensagem forte de alguém com uma visão bem realista da vida humana.Importante pelo significado do tema que você deu ao post é exatamente ressurgir para melhor aprendendo com cada ciclo que termina na nossa existência.
Grande abraço e tudo de bom pra ti!

Bel 26 de abril de 2013 às 11:37  

Pronto! Foi isso que eu quis dizer no post-comentário que fiz no post sobre relacionamento com amigos. Copiei!!!

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