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quinta-feira, 14 de março de 2013

MILAGRES DO POVO


Olhar a cidade com olhos de turista, redescobrir sua beleza, sua diversidade é o que faço de vez em quando. Sempre me encanta observar a luz do verão iluminando as águas da baía de Todos os Santos tornando o azul intensamente belo. Dá vontade de ter a liberdade dos garotos da cidade baixa, no ar antes de mergulhar (a foto é de Anabel Mascarenhas).


Mas a conversa não vai ser sobre isso, queria comentar sobre o lado sagrado da cidade. Como Caetano, vejo milagres do povo, pois o coração é soberano e senhor. E estes milagres vêm, sobretudo, da diáspora africana que trouxe sabor, cor e fé ao nosso país.

Caetano tem razão foi o negro quem descobriu o Brasil, se ergueu além da dor, e mesmo vendo a crueldade bem de frente e ainda produziu milagres de fé no extremo ocidente.


E entre os milagres do povo africano espalhado pelo mundo está o compreender e aceitar o sagrado de forma muito próxima a natureza e, mesmo tendo enfrentado o preconceito em relação aos seus rituais, misturou os seus deuses aos santos católicos como uma forma de manter a sua fé. É claro que hoje as religiões de matriz africana têm seus espaços de culto, um respeito maior as suas crenças. Embora algumas vezes renasçam preconceitos e intolerância, absolutamente inaceitáveis.

Mas a herança africana influência os cultos de outras matrizes. Nos Estados Unidos, os cultos protestantes ganharam um tom bem mais alegre nas comunidades negras. Aqui na Bahia uma missa celebrada às terças feiras na Igreja do Rosário dos Pretos, sim é aquela igreja de fachada azul que fica no Pelourinho. Ela foi restaurada recentemente e recuperou o seu esplendor barroco. Veja fotos aqui.
Às 18 h o templo se enche do toque metálico do agogô, do batuque do atabaques, o estilar dos tamborins e o cântico de hinos em ritmo de ajexá. Os cânticos são geralmente de Zé Vicente (compositor católico), mas podem ser cantadas também músicas populares como "Um abraço negro", da Ivone Lara.
O auge da emoção acontece durante o ofertório, onde homens e mulheres desfilam, ou melhor, dançam da porta ao altar com cestas de pães para a benção. No final da missa o pão abençoado é dividido entre os presentes.
Quem quiser experimentar é só chegar no Pelô na hora mágica 18h de uma terça feira e celebrar. Tem tanto brasileiro indo até o Harlem em NY para ver os cultos gospel dos afro americanos, mas não se interessa pelo equivalente nacional.
E como o sagrado e o profano se misturam, a terça prossegue, nas escadarias de uma outra igreja, a do Paço, logo adiante Gerônimo canta de graça. São salsas - um outro subproduto da diáspora iorubá. E para os mais animados podem também ir ao ensaio do Olodum - mais influência africana.

2 comentários:

Bergilde 21 de março de 2013 às 08:45  

Terra boa de poetas,escritores,cantores conhecídos e anônimos.A Bahia é famosa em todo o mundo,mas pisando neste lugar se pode perceber realmente a sua magia.Tenho também lembranças inesquecíveis da Bahia! :)Bom dia!

Bel 31 de maio de 2013 às 08:25  

Como não vi isso aqui??? Tô completamente defasada...

Saudade desse tipo de passeio! Quero ir nessa missa da próxima vez!
Bjooo

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