VAMOS VIAJAR?

Ando inquieta pra viajar. Afinal as últimas férias foram gastas na "mudança", com breve passagem por Ilhéus, que não vale como viagem. Ando sonhando com “férias estrangeiras”. E o "estrangeiro" pode até ser um lugarejo a 20 quilômetros do lugar onde moramos. Relevante não é a distância. O segredo é premiar os olhos com outras ruas, pessoas e recantos diferentes dos que estamos habituados.

Tenho impressão de que há coisas que só entendemos quando viajamos. Acho que nos permitimos mais, deixamos abertos o canal direto para a emoção. Em viagens, dá para enxergar mais e melhor; tudo atinge com cores nítidas e encantadoras, mesmo o fosco antigo e descascado. Talvez por isso fiquemos tão emocionados quando nos deparamos com uma construção diferente e ou exclamemos alto repetidos “huns!” ao saborearmos um prato especial ou cantarolemos saltitando em calçadas desconhecidas, ignorando desconhecidos assustados com a espontaneidade pouco comedida do visitante.

Em outras paragens, ficamos contemplativos, talvez até por ter mais tempo disponível pra ver exposições, ouvir música, ir a espetáculos de teatro. Assim nos comove ser tocados pela arte. Qualquer que seja a sua forma: música, pintura, teatro, arquitetura, literatura ou coisa que o valha. A sensação é a de que o filtro que me protege no dia-a-dia desaparece ao pisar fora do chão de residência. Tudo conecta os sentidos, a alma e o coração.

Viajar é mesmo uma autorização para ser, cada vez mais, quem somos, com tudo que vem a reboque: implicâncias, leveza, cansaço, alegrias e suavidade. As  "dores e as delícias" de viver.

Tudo questão de escolha. Desapegar do conforto do sofá e permitir a aventura da viagem. Deixar de ver as viagens alheias dos programas de televisão e "escrever" a própria viagem. Destrancar os sentidos,  sim, eles estavam disponíveis no cotidiano, mas podem estar com maior liberdade para ver, ouvir, saborear.

Este é o desafio.
E você gosta de viajar?
Vamos as malas? Sugere um roteiro interessante?