PESSOA

O Google (pelo menos no Brasil) homenageia os 123 anos de Fernando Pessoa. Senti saudade dos tempo, lá pela década de 70, sempre aparecia alguém pelos bares a declamar os versos do poeta portugues.

Pessoalmente achava interessante o jeito dele se dividir em muitos, os heterônimos. O poeta era muitos... e genial em todos. 

Compartilho com vocês um dos meus favoritos, do heterônimo Alberto Caeiro, bem oportuno para este clima de dia de namorados.

O amor é uma companhia

Já não posso andar só pelos caminhos.;

Porque já não posso andar só.

Um pensamento visível faz-me andar mais depressa

E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.

Mesmo a ausencia dela é uma cousa que está comigo.

E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.

Se não a vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.

Mas se não a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela;

Todo eu sou qualquer força que me abandona.

Toda realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.

in Fernando Pessoa - Obra Poética - Editora José Aguilar, 1972