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sexta-feira, 29 de abril de 2011

UMA HISTÓRIA DE AMOR




Minha filha compartilha no faceboock a foto dos bisavós. Mobiliza comentários de muita gente. Tia, primos buscam proximidades entre nós e eles. Na aparência “a testa é parecida com a minha” ou no jeito de ser “a cara de brava é de quem?”, “ela era bem humorada”. Eu que já havia falado um pouco sobre ele no blog, resolvo contar um pouco da história de amor dos dois.

Pablo chegou da Espanha no inicio do século XX. Veio com os primos, fugiam da crise, do desemprego, do terror da gripe espanhola. O Novo Mundo, a América era a esperança de um futuro melhor. Aportou em Salvador, onde arrumou um emprego de assistente num estúdio fotográfico, tinha aprendido a arte da fotografia no país natal.

Percebendo que o moço tinha talento o dono o designou para uma missão especial, representar o estúdio na região do cacau, onde desenvolvimento era promissor. Tão logo se instalou colocou anúncios no jornal local e improvisou um estúdio no hotel onde se hospedva. Os clientes começaram a surgir, tirar um belo retrato era possível, sem necessidade de ir a capital.

Palmira leu o anúncio e desejou ser fotografada, tanto fez que a mãe atendeu ao pedido. Chegou ao improvisado estúdio acompanhada da irmã mais velha, arrumadas, sorridentes, preparadas para o registro a imagem. Ela quis ser a primeira e perguntou: como é que faço? Ele respondeu: Seja natural. Ela sentou-se na cadeira, ajeitou o vestido branco, cruzou as pernas e fitou ao longe.

É tão bonita, ele pensou quando a olhava através das lentes. O coração dele bateu mais forte nasceu naquele instante um afeto que ia transformar a sua vida.
Com ela foi diferente. Chegou em casa dando risada e comentando com a mãe o quanto o fotógrafo era feio: era desengonçado, tinha um bigode bizarro e falava de um jeito engraçado, misturando os idomas.

Não foi fácil conquistá-la, ele teve que usar todas as habilidades. Aqueles que não tão bonitos sabem que precisam usar outros dons para seduzir. O chapéu tirado com elegância, no passeio no jardim, o sorriso discreto, um poema bem escolhido, enviado através de uma amiga. Não ia desistir diante do jeito indiferente dela.

Ela sorria das confusões dele no uso do português, mas gostava da persistência. Terminou aceitando o pedido de namoro e o amor foi se fortalecendo aos poucos. Ao noivado seguiu-se o casamento, apenas o tempo de bordar o enxoval e preparar o vestido.

E foram muitos os momentos de amor e felicidade. Montou o estúdio no fundo da casa, assim podia ouvi-la cantar enquanto trabalhava ou dar uma das suas boas gargalhadas. Os filhos completaram a alegria.

Mas chegaram os tempos difíceis. O diagnóstico de uma tuberculose, doença incurável na época, fragilizou a saúde dela. Ele abriu mão de tudo, abandonou a clientela já estabelecida e seguiu para outra cidade, em busca do clima que poderia ajudá-la a restabelecer-se. Foi tudo em vão e ela partiu. A tristeza tomou conta dele, tão melancólico adoeceu e que partiu pouco depois.

Um pedaço da vida dos nossos antepassados vive em nós. Nos elos do DNA que recebemos e na memória, através das histórias que são contadas quando olhamos as fotografias ou quando o coração se abre e revela.

A Pablo e Palmira, que viveram um grande amor que ainda hoje inspira netos e bisnetos.

4 comentários:

Bergilde 2 de maio de 2011 às 07:23  

Tucha,
É incrível como muitos casais que amam assim tão profundamente a perda de um faz rapidamente morrer também o outro.
A sua é uma história de ricos detalhes que fazem parte da memória de alguém cujos valores faz parte a família.
Família,que como bem disseste, ajuda a construir nossa personalidade,nossos sentimentos e modo de perceber as coisas,a vida.
Abraços e boa semana pra você!

Bel 2 de maio de 2011 às 14:24  

Eu não conhecia NADA dessa história! Só sabia que Pablo Pinillos foi fotógrafo, e pronto. Adorei saber os detalhes... quem sabe não rola outro livro, falando do outro lado da família, hein? hein? hein???

Bjo, me liga qdo chegar aqui!

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ 3 de maio de 2011 às 04:52  

Marta que linda história a dos teus avós. Nossa fiquei emocionada agora. Você escreveu tao bem o texto, tao rico em detalhes e as palavras certas para cada frase. Você deixou realmente o coracao falar.

Um beijao e uma linda semana

Ramon Pinillos Prates 4 de maio de 2011 às 23:49  

Vc devia disponibilizar seu "livro" sobre a família aí no seu blog. eheheheh

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