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sábado, 12 de fevereiro de 2011

A PRESSA E A POESIA


O tempo que vivemos é de velocidade e pressa. Com tanto a fazer falta tempo para a ler livros. A comunicação mais frequente é em mensagem dinâmicas e breves do cinema, da televisão, dos blogs, dos microblogs. A leitura de um romance consome dias, semanas, exigindo uma concentração que parece impossível num mudo em que tudo a nossa volta faz com que nossa atenção se disperse.

Surge então a idéia de pensar nos poemas como recurso literário para tempos de pressa. Não tendo tempo para ler romances, leremos poemas. Será que a poesia tem mais chances neste novo contexto? Afinal um poema pode ser lido em minutos, às vezes em segundos.

No Brasil lemos muito pouco. Seja poesia, seja prosa. As razões são as mais diversas, desde a escolaridade até o custo do livro (as tiragem são pequenas escarecendo o produto) e temos poucas bibliotecas públicas. Assim precisamos aprender a ler no sentido mais amplo da palavra.

Feito este comentário,voltemos a questão do tempo, afinal quanto tempo precisamos, de fato, para ler um poema? Será que ler um poema é mesmo rápido? Quanto tempo ele nos pede?

Certamente que um poema exige pouco do nosso tempo horizontal, cronológico e linear. Mas exige tudo do nosso tempo vertical, aquele que vai bater no fundo da lembrança, na aura sutil dos afetos, nas dores e alegrias vividas, no espanto de existir. Lendo vamos descobrir que as palavras são masi que a junção de letras, elas parecem dançar nun jogo infinito de significados.

Pensando assim, o poema exige, em outra dimensão, um tempo imenso. Embora se entregue com facilidade a quem se entrega a ele e o descobre de repente. Experimente...


O menino me ensina
Como um velho sábio
Como sou menina

Alice Ruiz - Iluminuras

O poeta Drummond, citando Raine Maria Rilke diz que para escrever um verso "é preciso ter visto mutas cidade, homens e coisas, sentir como voam os pássaros e saber que movimento fazem as flores ao se abrirem pela manhã, é preciso ter a lembrança de pessoas morrendo, de crianças doentes, de diferentes noites de amor e depois é preciso esquecer tudo isso, esperando que tudo isso se incopore ao nosso sangue e faça parte de nós."

Se os poetas consideram que é preciso tal investimento para escrever poesia, o que pedirá ela ao leitor? Acredito que disponibilidade para compreender o poema, sensibilidade e intuição e tempo...

Pare um pouco no meio da pressa do cotidiano e crie espaço para o poema. Sugiro hoje a Sinfonia para pressa e presságio.

Escrevia no espaço.
Hoje, grafo no tempo,
na pele, na palma, na pétala,
luz do momento.

Sôo na dúvida que separa
o silêncio de quem grita
do escândalo que cala,
no tempo, distância, praça,
que a pausa, asa, leva
para ir do percalço ao espasmo.

Eis a voz, eis o deus, eis a fala,
eis que a luz se acendeu na casa
e não cabe mais na sala.


Paulo Leminski - in Os cem melhores poemas brasileiros do século.

PS- a gravura é de Éralo, a musa da poesia lírica.

5 comentários:

Elcio Tuiribepi 13 de fevereiro de 2011 às 13:01  

Oi Tucha...então...um poema deve ser lido com muita calma, assim sem nenhuma pressa, pois mesmo sendo pequeno na extensão das palavras, traz junto dele um enorme significado, basta ler com a alma e com o coração...sei que a correria é grande e sendo assim vivmos sempre apressados e perdemos textos como este que você postou...
Acho que a poesia pede ao leitor um pouco mais de atenção...
Parabéns pela postagem...
Um abraço na alma
Beijo

Bergilde 14 de fevereiro de 2011 às 07:40  

Concordo.Ler por ler simplesmente e materialmente falando fazemos sempre,mas compreender o que se lê,refletir,introjetar o sentimento contido seja num romance ou poema (por mais curto que seja)requer interesse e vontade de aprender.Atualmente tenho buscado ler mais em português,sim,pois vivendo quase sem contato com a lingua materna tenho cometido muitos erros gramaticais e para mim isto é imperdoável!(rss)
Abraços pra ti,ótima postagem!
Bergilde

Ramon Pinillos Prates 14 de fevereiro de 2011 às 08:41  

Os livros continuam firmes e fortes, ainda mais agora com os leitores eletrônicos como o Kindle e o iPad. O mercado de livros digitais tá bombando e crescendo.

Marcos Monteiro 14 de fevereiro de 2011 às 13:07  

Tucha, muito de ler sua quase poesia em favor da poesia. Bom também conhecer sua identidade secreta... gostei muito... quase não lhe reconheci, com os óculos de Klark Kent e sem a capa de superwomen... Um beijo e vamos inventar mais tempo poético para os contatos humanos...

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ 14 de fevereiro de 2011 às 13:42  

Nada de pressa. Se leio, leio mesmo, rs.

Boa semana

Bjao

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