JOSÉ E PILAR

A equipe cinematográfica (o diretor é o portugues Miguel Mendes) tem o grande mérito de fazer com que os documentados fiquem à vontade com a câmara. Desta forma o casal protagoniza momentos que encantam pela franqueza e autenticidade. De circunstâncias prosaicas, como um carinho afetuoso, as mãos dadas, ou debates sobre pontos de vista divergentes (como em relação à candidatura de Hillary Clinton, defendida por ela, e a de Obama, defendida por ele), até o difícil momento do adoecimento e hospitalização dele.
Temos também a oportunidade de acompanhar o processo criativo do seu penúltimo livro: A Viagem do Elefante. Desde a concepção do tema, as dúvidas, as dificuldades, os momentos de olhares perdidos, jogos de paciência no computador, alternados aos momentos em que o processo flui e o livro vai sendo construído.
É surpreendente também o compromisso do escritor com o seu oficio, mesmo aos 86 anos, e no meio de viagens exaustivas ele não deixa de atender pedidos de fotografias, a autógrafos nos livros (sem dedicatórias que ninguém é de ferro). A leitura das cartas que chegam, algumas hostis, como uma que propõe retornar aos tempos de inquisição e queimá-lo na fogueira. As declarações inusitadas como de fãs de meia idade que se denominam de “Saramaguetes”.
Entretanto o escritor é apenas a metade deste projeto, conhecemos também, Pinar Del Rio, uma mulher admiravelmente forte, que identificamos como fundamental para a carreira do marido. Não apenas no cuidado cotidiano de esposa, mas como organizadora da sua agenda profissional, organizando as viagens, acompanhando-o, protegendo-o, desempenhando um papel vital na preservação da sua obra. Inteligente, dona de uma personalidade repleta de energia, com opiniões definidas e ao mesmo tempo conciliadora e afetuosa.
Vale destacar também a beleza da fotografia, o uso das belas paisagens de Lazarotti como transição, detalhes cuidadosos com a imagem mesmo em situações de viagem. A montagem também merece destaque, imagino com a quantidade de cenas captadas como dever ter sido difícil selecionar e articular os diversos momentos, de forma a passar para emoção e sinceridade. E conhecemos um José Saramago que se revela inspirador não apenas como escritor, como homem. E uma mulher- Pilar - que se demonstra companheira, no sentido abrangente da palavra.

PS- Para saber mais: ficha técnica, trailler etc, visite o site do filme e veja também entrevista com o diretor do documentário
A proposta é legal, mas não me interessou muito.
Interessante, Marta.
Bjao
Me deu muita vontade de assistir. Eh uma historia nao so de amor, mas de companheirismo. Muito dificil hoje em dia. Beijos
Droga de Santa Clara que não passa filme de arte!!! Grrrrrrrr
Mais uma bem bolada forma pra melhor popularizar esse grande autor.
Abraços e boa semana pra ti!
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