TEMPO DE VAGABUNDAGEM

Aprendei com os lírios do campo, que não trabalham e nem fiam. No entanto, eu vos assseguro que nem Salomão em toda a sua glória, se vestiu como um deles.

Evangelho Segundo São Mateus

Não consigo entender quem não sai de férias, quem está tão focado no trabalho que esquece de olhar ao redor, quem não tem um tempo livre para contemplar, para vagabundar. Naquilo que os italianos chamam de dulce far nienti.

Minhas férias estão acabando e amei este tempo de ócio. Viajei pelo sul do continente sulamericano, foi para a Ilhéus para um tempo com meus velhos, caminhei despreocupadamente pela cidade onde moro, fui ao cinema, dormi tarde, vi por do sol, cozinhei, saboreei comida deliciosas, namorei, encontrei amigos.

Vagabundar é uma delícia, não que não goste de trabalhar, mas acontece que sou baiana, nordestina (desculpe Mayara) tenho um outro ritmo. Aprendi que trabalho não é tudo, precisamos do ócio, do tempo para a vida pessoal, afetiva, para o lazer, para a felicidade. Tenho o respaldo teórico do Domenico de Masi, que diz "ir ao cinema, ao teatro ou sair de férias não são perdas de tempo, mas um estímulo para intuir coisas e compreender outras."

Amo o meu trabalho, acredito na sua relevância, mas atuo em equipe, sei que meu grupo está dando continuidade ao que fazemos, e os colegas sabem que voltarei mais feliz e criativa.