SALVA PELOS CAMARÕES

Preparávamos para passar um dia preguiçoso em Tutóia, caminhada e mergulho na praia dos Amores. No café da manhã Jacome nos disse, ouvi tanto vocês falarem de Atins que fiquei curioso, vi no mapa Quatro Rodas que existe uma trilha pela praia que leva até Caburé e ai é só atravessar. Desafiou: vamos lá. Ele e Fátima viajavam desde Recife num bugre azul.

Depois da concordância de Fátima, entusiasmados como adolescentes, corremos para pegar as mochilas e embarcamos outra vez na aventura. De Tutoia até Paulino Neves a estrada estava sendo terraplanada, em boas condições. partir daí fomos adivinhando o caminho, perguntando aqui e ali. Atravessamos as dunas dos pequenos lençóis e pela praia chegamos a Caburé.

Depois de nos instalamos, contratamos um barqueiro para cruzar o rio Preguiças. O moço não era muito simpático, quando tentamos negociar uma passagem por Mandacarú na volta para que Fátima e Jácome conhececem, propôs um aumento de preço.

Logo na chegada certa decepção, o povoado estava deserto, a areia quente entrava pela sandália e castigava os pés. No primeiro barzinho não havia cerveja, nem refrigerante. A proprietária indicou o bar da Amizade, logo adiante. Lá pelo menos a cerveja estava gelada.

Já contei que fiquei fascinada por Atins pelos comentários do blog de Patricia Camargo: Dia redondo em Atins e Cachoeiras do Bonzinho. Guiada pelo entusiasmo dela com o lugar perguntei pelas atrações do lugar: E a cachoeira do Bonzinho? Tá seca, disseram. E a fonte de Pedras? Também secou, disseram. Os três me olharam com aquela cara de o que é que estamos fazendo aqui. E o restaurante da Luzia? Perguntei para o seu Chico. Fica à uma hora de caminhada, responde ele, depois olhou bem para gente, e mudou a resposta, uma hora e meia. E não há um transporte até lá? Tem que esperar a Toyota, talvez chegue lá pela 13 h.

Entre cervejas e papos esperamos. Contaram que o restaurante havia sido visitado pela Ana Maria Braga, mas que a Luzia não havia revelado o segredo da receita dos camarões. E agora a nossa salvação (particularmente a minha diante do grupo) estava na eficiência do segredo da Luiza.

Finalmente o carro chegou. O Canto dos Lençóis fica no meio do nada, mas é extremamente simpático, paredes forradas de conchas, arejado pela brisa marinha e os camarões maravilhosos. Temperados num molho especial e grelhados, são mesmo fantásticos, olhe a foto e imagine o sabor. Foram eles que salvaram o dia.

Este episódio mostra o quanto por aqui é importante o tempo certo de vir. Nossa viagem foi completamente da de Patrícia. Vamos ter que voltar aos Lençóis num junho qualquer.

Esperamos nosso barco com gostoso banho de rio e muita risada. O barqueiro chegou mais gentil e deu a parada em Mandacarú para que Fátima e Jácome pudesse conhecer. Voltei a subir no Farol Preguiças para tentar uma foto mais clara. Não ficou tão boa, mas é possivel ver a foz do rio.


Ficamos hospedados na simpática pousada do Paturi (a foto foi roubada do Turomaquia). O dia terminou em paz, deitados na rede, mexendo no baú da memória musical e cantando.

"... Não somos o/ que queriamos ser/ somos um breve pulsar/ em um silêncio antigo/ cam a idade do céu/ Calma/ tudo está em calma/ deixe que o beijo dure, deixe que o tempo cure/ deixe que a alme tenha a idade da idade do céu..."