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sábado, 26 de setembro de 2009

TEMPO DE DELICADEZAS


Os últimos dias foram voltados para o cuidado com meu pai que apresentou dor de cabeça intensa, persistente e problemas de visão, buscamos trazê-lo para Salvador e pedir ajuda aos especialistas.

Inicialmente afastamos os diagnósticos mais complicados, problemas relacionados ao funcionamento cerebral. A tomografia mostrou que estava tudo bem. O oftalmologista e o endocrinologista confirmaram o que suspeitavamos, toda sintomatologia está relacionada ao diabetes. Felizmente o problema visual poderá ser revertido e vamos agora acompanhar o controle da doença mais proximamente, e em família.

Como moramos em cidades diferentes e ele sempre quis ser muito independente, deixamos que assumisse o controle dos cuidados com a doença e acompanhavamos à distância. Com este susto, nos comprometemos a aprender mais sobre a doença e termos uma intervenção mais direta. A proposta é cuidá-lo em família.

Envelhecer não é fácil, especialmente tendo que conviver com uma doença cronica que impõe tantos limites e é tão propensa a complicações. Meu pai que sempre foi bem humorado, crítico, tentou enfrentar a doença com ironia, mas um certo desencanto foi tomando conta e um desanimo para enfrentar as múltiplas dificuldades que foram surgindo.

Compreendo meu pai, sei que é dificil conviver com limites. Todo nosso esforço agora é para que ele se convença de que o cuidado tem que ser mais intenso, que o envelhecer é um tempo de delicadeza e de suavidade com o corpo, para que a vida seja suave.


Só na velhice a forma está no força do sopro
Respeito Lázaro, que a custo de um milagre
faleceu suas vezes

O medo é de dormir na luz.
Lamento ter sido indiscreto
com minha dor e discreto com a minha alegria.

Só na velhice a mesa fica cheia de ausências.
Chego ao fim, uma corda que
aprende o seu limite
após arrebentar-se em música.
Creio na cerração das manhãs.
Conforto-me em ser apenas homem.

Envelheci,
tenho muita infância pela frente.

Fabrício Carpinejar -
Trecho do poema Décima elegia

8 comentários:

Vanessa Anacleto 27 de setembro de 2009 às 13:10  

Envelhecer é uma das fases da vida e acredito que devemos encarar isso com naturalidade. O duro mesmo é um caso assim de doença que nos imponha mais limites do que o simples ato de envelhecer. Força para vocês.

Passei também para avisar que inclui seu blog na lista da coletiva, obrigada por participar.

Abraço

Dalva Nascimento 27 de setembro de 2009 às 15:54  

"Sem aviso, o vento vira a página da vida." (H. Kolody)
... e nessa virada, o mais importante é o reconhecimento de nossas limitações... amei o título da postagem "Tempo de Delicadezas"... é bom ter essas coisas em família.

Bjs.

Janaina Amado 27 de setembro de 2009 às 17:54  

Tucha, vim retribuir sua visita ao meu blog.Lindo o poema de Carpinejar. Como você, eu também estou aprendendo muito com a velhice de meus pais: é delicado e sério. Abraço!

Bel 27 de setembro de 2009 às 19:11  

Ai ai ai... eu tô aqui bem quietinha, pensando nos meus velhinhos.
Que Deus nos ajude!!!

Bel 27 de setembro de 2009 às 19:11  

Ai ai ai... eu tô aqui bem quietinha, pensando nos meus velhinhos.
Que Deus nos ajude!!!

Val Craveiro 27 de setembro de 2009 às 20:54  

Flor, obrigada pelo abraço virtual, neste momento todo o carinho recebido é mais do que bem vindo.
Já vai fazer dois meses que minha Flor maior se foi, é tudo tão doido e triste... Saber que o meu barquinho não mais tem o seu porto seguro me deixa realmente a deriva. Mas Deus é bom e o tempo é o senhor de todas as coisas.
Para você querida amiga, toda a força do mundo nessa nova fase de sua vida.
Lindos dias para ti.

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ 30 de setembro de 2009 às 02:58  

Tucha, todos nós estamos caminhando para lá; eu tenho enxaqueca e tive uma crise no fim de semana que mal consegui levantar da cama; todos nós temos alguma coisa.
Imagino que para o homem saber que a doenca é um limite na vida dele, dói demais. Lindo o texto do Fabricio, ele escreve super bem.

Sei que mesmo de longe você está cheia de cuidados com seus pais.

Um beijao

Carlucha 30 de setembro de 2009 às 07:42  

Enfrentar o declínio natural do corpo é um desafio doloroso que todos nós estamos fadados a enfrentar, mas nem por isso fica mais simples ou mais fácil... Acredito que uma qualidade de vida, ao longo da existência facilitará esse processo irreversível e proporcionará uma terceira idade mais prazerosa e feliz! Assim como ao meus pais, desejo que os seus tenham ainda muitos momentos felizes e prazerosos ao lado dos seus, com muita paz e saúde! Fiquem com Deus! Bjos

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