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sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

DEVOÇÃO BAIANA


Sagrado e profano o baiano é...
Caetano Veloso

Acontece que eu sou baiano.
Dorival Caymmi


Quinta feira do Bonfim, dia de festa na Bahia. Devoção em terras baianas é assim, mistura religiosidades: áfricas, protugais e outros gandis. Tem flores brancas, sinos, novenas, água de cheiro, atabaques e axé.

A caminhada começa com uma cerimônia ecumênica, religiões se aproximam tendo como mensagem principal a defesa de valores da Paz e da Tolerância Religiosa. O Senhor de uns e os Oxalás de outros sincreticamente celebrados juntos.

Vão me questionar, mas as pessoas vão mesmo a festa por devoção? Sim, são muitos os motivos que levam as pessoas a festa. Vão pela cerveja, pelas pernas das morenas, pelo olhar atrevido dos rapazes, pelo feijão, para aparecer na mídia (preferencialmente de forma positiva).

Certamente que os chamados profanos são maioria. Mas existem os sinceros de coração, que vestem com cuidado a beleza das roupas grancas engomadas, preparam o jarro com água e perfume, amarram com cuidado o turbante, colocam os colares e pulseiras num ritual de preparo quase cerimonial. E caminham com fé, vencendo as distâncias.

Podemos ir a festa também para aprender sobre a baianidade. Para contemplar as figuras que parecem saídas dos livros de Jorge Amado, os "legitímos" baianos.

Mas o que é mesmo ser baiano? No imaginário brasileiro a Bahia é a Terra da Felicidade, cantada por Ary Barroso. Reforçada pela novissíma série "Ó pai ó", somos pobre alegres, tolerantes com o diferente, artistas. Somos?

Consultando os sociólogos eles me dizem coisas interessantes. Gey Espinheira fala que somos marcados pela mistura, temos um "modo de ser confusional". Nesta confusão mitos nasceram, especialmente o de que vivemos em eterna harmonia e tolerância. O mito do paraíso racial é desmentido pela estatísticas, pobreza, marginalização, violência atingem cruelmente a maioria pobre, negra/mestiça.

O Haiti é aqui, como disse o Caetano. "Soldados, quase todos pretos/Dando porrada na nuca de malandros pretos/De ladrões mulatos e outros quase brancos/Tratados como pretos/Só pra mostrar aos outros quase pretos/E são quase todos pretos".


Esperamos que um dia possamos todos ser cidadãos. Que o Senhor possa nos dar "a graça divina da justiça e da concórdia" e possamos fazer jus a "alma em festa da nossa cidade".

3 comentários:

Carlos Mascarenhas 17 de janeiro de 2009 às 09:00  

Marta:

Muito bonito e verdadeiro o seu texto.
E isto mesmo a Festa do Bonfim e é esta a nossa Bahia.

Carlos Mascarenhas

Anônimo,  18 de janeiro de 2009 às 11:18  

Marta,

Somos artistas sim proque somos bahiano?. Somos belos sim porque somos bahiano?. Ser artista e belo e naturalmente humano. Tolerantes nao acredito muito nisto. Acredito muito mais no que tambem ja disse o poeta Caetano, "cada um sabe a dor e a beleza de ser o que e". Belo texto Martoca, quero ler outros.

Vitoria L Aranha

Ramon Pinillos Prates 18 de janeiro de 2009 às 12:58  

Sem ser feriado a festa já bomba, imagine se fosse. Ia ficar sem condições.

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