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sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

AS PALAVRAS

Durante muito tempo meu uso da palavra escrita ficou restrito aos prontuários, pareceres e textos para alunos. Assim, sinto uma dificuldade enorme para escrever os pequenos textos postados nesse blog. Que palavras escolher para tornar o texto saboroso ao leitor.

Lidar com as palavras exige do cérebro um trabalho super complexo. Os neurocientistas identificaram que existem duas áreas no lobo frontal esquerdo, responsáveis pela Linguagem. A área de Broca (Paul Broca, 1824-1880) é onde ocorre o processamento da linguagem, ou seja, onde juntamos as sílabas de cada palavra de forma coerente. Mas, isso só não basta, é necessário outro mecanismo para compreender as palavras que ouvimos e lemos, e pela escolha das palavras que usamos. Isso acontece numa outra área cerebral, a de Wernicke (Karl Wernicke (1848-1905).

Mas a neurociência não nos ajuda a usar bem as palavras, para isso, recorro a um poeta. Usando a imagem de “reino das palavras”, Drummond nos chama a chegar mais perto e contemplá-las. Diz que “cada uma/ tem mil faces secretas sob a face neutra/ e te pergunta, sem interesse pela resposta,/ pobre ou terrível, que lhe deres:/ Trouxeste a chave?”

Sim as palavras estão lá, à espera, “em estado dicionário” e eu, confusa, querendo usar a chave, para decifrá-las e decidir quais devo escolher. Descobrir o mistério das várias faces, encustá-las no texto para que tenham luz própria.

Quando criança, li muito os livros de Monteiro Lobato, talvez venha daí esta fantasia que me ocorre agora: imaginar as palavras dispostas em algum lugar da minha mente, grupadas em determinada ordem, esperando minha convocação...
_”Gente ela está digitando vai precisar de nós preparem-se!”.
Algumas, mais simples (artigos e pronomes), estão sempre dispostas a ajudar. Outras, mais sofisticadas, (hermenêutica, dialética) vão demorar de ser solicitadas. Outras serão preferidas:
­_ Amor é a sua vez!
_ Amizade, ela lhe convoca de novo.
_ Venha correndo poesia, ela esta inspirada hoje.
Uma a uma as palavras vão se apresentando. São utilizadas, ocupam seu lugar na frase e vai surgindo, na tela do computador, o texto.

Indispensáveis para a minha comunicação, minha vida de relação com as pessoas, quero agradecer as palavras. E pedir a Deus que preserve sempre as minhas área de Broca e de Wernicke, e eu possa sempre comunicar e compreender os que me cercam.

1 comentários:

Bel 6 de dezembro de 2008 às 00:51  

Também fui leitora assídua de Monteiro Lobato, e imaginei direitinho a cena das palavras com vida própria, e se dispondo (ou não) a atender ao chamado!

Como disse Chico, muitas vezes "palavras são brutas"... e tem horas que o silêncio fala mais. ("tudo que cala fala mais alto ao coração..."

Beijoooo

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