PLANOS
Sobrevivi as espumas flutuantes das ondas e das
cervejas de final de ano. Um tanto mareada, sem navegar, desequilibrada, apesar
de não estar na corda bamba, tudo culpa
dos meus sensíveis labirintos.
Apesar disso, entrei no novo ano "com amor no
coração", "avançando através
dos grossos portões" com "planos
muito bons". A cada final de ano, como na canção dos Doces Bárbaros,
nossos planos são muito bons.
Sim os planos são muito bons, mas como sempre têm o
benefício da dúvida, tudo bem que podemos botar a culpa na crise mundial, na
conjuntura astrológica, ou nos outros. Entretanto, se olharmos bem nossos
planos nunca são atrapalhados por crise ou quadratura nenhuma, nem por ninguém.
Concretizá-los depende mesmo de uma guerra interna incrível, destes nossos
juízos repletos de defeitos de fábrica, ou seja, demasiadamente humanos.
Dizem que plano bom é plano no papel, ainda não-realizado,
pois sempre são maravilhosos. Na hora do
"vamos que vamos" é que começam a complicar, terminam nunca
integramente cumpridos. E no caso dos planos de final de ano, possivelmente só
uns humanos 10%, ou será menos? Entretanto
a cada novo ano eles retornam, reciclados, repaginados, embora sejam os mesmos
que os de mil novecentos e antigamente.
Estes bons planos vão se arrastando ao nosso lado,
por tanto tempo que viram nossos melhores cúmplices, nossos melhores amigos. Eles
sabem que se os realizássemos completamente, a vida perderia a graça, seriamos
insuportavelmente perfeitos, estaríamos magros, gozando uma saúde invejável, falando pelo
menos três idiomas, com o orçamento equilibrado.
Nossos planos leram sobre as dietas saudáveis e
compraram frutas, grãos, arroz integral,
mas terminaram sucumbindo na primeira sexta feira do ano ao caruru e ao vatapá.
Nossos planos lambem os beiços e esqueceram de todas as promessas realizadas.
Nossos planos que começam o ano tão cheios de
energia, vão começando a odiar a academia de ginástica, a caminhada pela manhã,
tornam-se tão preguiçosos como uma "siesta" espanhola.
Nossos planos são muito bons, entretanto o ano vai
passando e eles se espreguiçam, estalando todas as juntas, começam a gostar de
uma rede, de um ócio contemplativo.
Até que chega dezembro com sua pressa, os sacode, os
questiona, o que é que é isso companheiro. E eles se reanimam outra vez cheios de esperança que afinal vai ser desta
vez. Vai???
PS- A fotografia é da fitinhas cheias de esperança de milagre na sacristia da Igreja do Bonfim - Salvador, feita com o celular.
Eu tô muito relapsa nas minhas leituras bloguísticas... perdoe-me!
Crise de labirinto? Oh, não! É um saco. Planos? São mesmo maravilhosos no papel, concordo. Mas... vamos que vamos!
Beijooo
É sempre bom te ler,
Um grande abraço meu!
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