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terça-feira, 10 de julho de 2012

AS CIDADES



Porque gosto de viajar, conheço muitas cidades. Escolhi conhecê-las pela curiosidade de viajante ou por necessidade de trabalho.

Algumas pequenas como aquela descrita por Carlos Drummond no poema Cidadezinha Qualquer (Alguma poesia). Onde todo mundo se conhece, senta na porta da rua, namora nas praças, tudo parece correr devagar.

Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar. 

Devagar... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.

Outras imensas, cosmopolitas, centros financeiros e culturais do mundo, como Nova York, Londres, Paris, São Paulo. Quando caminhamos pelas suas ruas entramos em contato com múltiplas culturas, gente vestida de tantas maneiras. Ouvimos conversas em tantos idiomas que a sensação é de estar numa Babel. Entretanto, mais do que nunca nos sentimos cidadãos deste mundo diverso e original.

Visitei cidades onde tive orgulho e vergonha de permanecer a humanidade, pois a história pode ser contada através das suas ruas, dos monumentos. Tempos de guerras e paz, tragédias e revoluções, amores e desencantos. A antiguidade e a Idade Média em Roma, Veneza, Madri, Lisboa. A história da América inca que se permanece em Cuscu, Lima, Trujillo  a América maia em Cancun, México ou América Colonial em Quito, Cartagena, Ouro Preto, Salvador. Patrimônios de todos nós, a memória dos nossos antepassados.

Algumas cidades encantam pela obras arquitetônicas que abrigam como Barcelona de Gaudi ou Brasília de Niemeyer. Ou têm uma localização geográfica privilegiada, belas por natureza como o Rio de Janeiro, Ilhéus, Lençóis (Chapada Daimantina), Barreirinhas (Lençóis Maranhenses), Puerto Ayora (Ilhas Galápagos), Bariloche.

No exercício de viajante em todas elas busquei descobrir coisas interessantes. Amei os jardins e as livrarias de Buenos Aires, a organização do transportes na Alemanha, os museus de britânicos, peruanos, italianos, a multiplicidade de sabores dos restaurantes paulistas, os vinhos chilenos, a variedade dos espetáculos teatrais cariocas.  

Mas nossas ligações maiores com as cidades são mesmo afetivas, independem da beleza, da história que carregam, da geografia. Os laços de carinho independem até de termos nascido lá. Uma grande declaração de amor a Porto Alegre é o poema Mapa de Mario Quintana, ou a música Valsa de uma cidade, escrita por Lucio Alves para o Rio de Janeiro, ou New York, cantada por Frank Sinatra.


Acho que o pior castigo é morar numa cidade que não se gosta. Nunca tive esta experieência. Morei em duas e sou apaixonada por elas, a que nasci – Ilhéus e Salvador. Se me perguntassem se queria experimentar morar em outra cidade, confesso que acho que não. Não é mais “um sonho feliz de cidade” como cantou Caetano, tem problemas urbanos grandiosos, a mobilidade urbana é prejudicada por um sistema transporte público que não funciona adequadamente, a cidade está cada vez mais separada em guetos, a classe alta e média emergente se refugia em condomínios, enquanto os demais moram em condições precárias.
 
Mas aqui tem “meu chão, tem meu céu, tem meu mar” e vou vivendo, sonhando que um dia talvez está cidade cantada em versos e prosas possa ser melhor e mais humana para que vive por aqui.










 
PS- as fotos foram feitas por mim na Ponta de Humaitá - cidade baixa - Salvador

2 comentários:

Ramon Pinillos Prates 11 de julho de 2012 às 23:15  

Acho que existe entre gostar da cidade e ela ser bonita e interessante. Espero conhecer muitas cidades ainda, principalmente as "maiores" como NY, Paris, Londres...

Bel 15 de julho de 2012 às 21:12  

Quando eu crescer, quero conhecer tantas cidades como você...
Compartilho a idéia de que deve ser terrível morar onde não se gosta. Também só morei em duas - Ilhéus e Recife, Salvador não conta, porque era muito bebê e não lembro de nada. Ainda penso em morar fora daqui, mas isso é uma longa história...

Bjooo

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