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sábado, 3 de março de 2012

NOVAS LEITURAS


Considero a leitura de um bom livro um grande prazer. Mas nem todo mundo pensa assim, há quem ache chato. Acredito que a gente começa a gostar de ler na infância ou na adolescência, não de forma obrigatória, mas na descoberta de boas histórias. Comigo começou com as histórias contadas pelos meus pais no momento de ir dormir (no tempo em que a televisão não era uma presença onipotente nas casas) e prosseguiu com o incentivo de meu pai que sempre comprava livros para que eu e minhas irmãs lessemos.

Lembram quando o vestibular “exigia” que o candidato lesse inúmeros livros, quem não tinha disposição para ler a obra completa lia o “resumo” dos livros, ou uma versão em quadrinhos. Não sei se dava certo.



Resumir um livro pode ser hilário. Li na revista da Livraria Cultura que o sueco Henrick Langer resolveu ironizar e publicou 90 livros clássicos para apressadinhos. As mil páginas de Dom Quixote de La Mancha acabaram reduzidas a cinco linhas. “Dom Quixote, na época em que não tinha TV, lia para cacete e ficou com umas idéias malucas. Ele ataca moinhos que pensa serem gigantes e até o cavalo dele acha que ele é louco. Ele descobre que não tem mais lugar para heróis no mundo e resolve voltar para casa. O cavalo dá graças a Deus (e os moinhos também)”.


Gozação? Não preguiça. Muita gente acredita que ler é difícil, demorado, complicado e prefere “fingir” que leu. Nas redes sociais virou moda extrair textos de livros densos e trazer frases emolduradas pelo bronze das aspas. Assim romancistas como Clarice Lispector, Caio Fernando de Abreu, Virginia Wolf nos chegam como frases de efeito. A autoria destes “pedacinhos de sabedoria” é geralmente duvidosa, como muitos dos textos que circulam por ai na rede. Outros são mesmo do autor, pessoas que gostam dos autores e o trazem aos poucos, querendo compartilhar, esperando talvez despertar outros para a leitura.


Alguns aplicativos chegam a ser engraçados, as frases são usadas em numa espécie de sortilégio, por exemplo, Conselhos de Caio Fernando Abreu. Os autores viram os novos gurus (rs,rs,rs,rs).


Até Nietzsche (1844-1900) um filósofo complexo e sutil virou autoajuda. Reconhecido por desmascarar condicionamentos e ilusões, enfrentar tabus teve seus pensamento triturados e reciclados em 99 máximas para despertar a mente e combater as preocupações pelo australiano Allan Percy num livro chamado Nietsche para estressados. Máximas como “Quem tem uma razão de viver é capaz de suportar qualquer coisa.”. São, segundo a divulgação do livro: seguidas de uma interpretação atual que nos ajuda a alcançar o bem estar.

Não sei o que Caio, Fredrich, Cecília achariam disso, talvez dessem risadas com a capacidade criativa das pessoas, talvez se irritassem com o desvirtualmento das idéias, a descontextualização dos textos. Pessoalmente não compro esta literatura de auto ajuda, nem consulto estes oráculos.


2 comentários:

Ramon Pinillos Prates 3 de março de 2012 às 15:57  

Leitura obrigatória nunca é legal.

Bergilde 6 de março de 2012 às 08:49  

Ramon tem razão.Já comentei em outro post de um amigo sobre o hábito de ler que quando se torna um prazer se aprende muito mais.
Atualmente estou renovando minhas leituras mais técnicas,porém não dispenso um romance dos clássicos da nossa literatura brasileira e não penso que se posso compreender alguma coisa nessas novas versões aí citadas.
Abraço grande e bom dia!

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