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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O POETA DRUMMOND






A imagem do poeta que vem a memória é de um homem de jeito tímido, voz tranqüila e sorriso discreto caminhando pelas ruas de Ipanema. O homem não esta mais entre nós, mas permanece a sensação de proximidade, que vem dos versos, certamente porque eles trazem a essência do sentimento humano.



Nos últimos dias dediquei algum tempo à releitura de poemas e fui percebendo porque permanecemos amando Drummond por conta desta identificação. Quem de nós não viveu uma situação de perplexidade, em que o verso “E agora José?” parece talhado para aquele momento. Ou sentiu-se como “um estranho impar” ou um enigma a desvendar: “Como decifrar pictogramas de há dez mil anos/ se nem sei decifrar minha escrita interior?”



Como todos nós, ele tem seus instantes de desencanto com a humanidade: “Esse é tempo partido,/ tempo de homens partidos (...) Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos/ As leis não bastam. Os lírios não nascem da lei.” Em momentos mais otimistas acredita na fraternidade das mãos dadas para enfrentar a desesperança: “Estou preso à vida e olho meus companheiros/ estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças/ Entre eles considero a enorme realidade/ O presente é tão grande, não nos afastemos/ não nos afastemos, vamos de mãos dadas.”



O amor é outro tema recorrente na obra de Drummond como o qual também nos identificamos. Quem não viveu a intensidade do amor, mesmo que não correspondido: “Eu te amo porque te amo/ não precisas ser amante,/ e nem sempre sabes sê-lo/ eu te amo porque te amo/ amor é estado de graça/ e com amor não se paga.” Ou fez declarações de amor como “Eu te gosto, você me gosta/ desde tempos imemoriais” ? Também há quem tenha se tornado fragilizado e inseguro, capaz de se tornar implorativo: “Quero que todos os dias do ano/ todos os dias da vida/ de meia em meia hora/ de 5 em 5 minutos/ me digas: Eu te amo.”



O lado erótico poeta também nos anima: “O que se passa na cama/ é segredo de quem ama/ ... e silenciem os que amam/ entre o lençol e a cortina/ ainda úmidos de sêmen/ estes segredos de cama”. Apesar da recomendação ele nos revela alguns destes segredos: “Chão é a cama para o amor urgente/ amor que não espera ir para a cama/ Sobre o tapete ou duro piso, a gente/ compõe de corpo e corpo a úmida trama”. Descreve momentos amorosos: “Sob o chuveiro amar, água, sabão e beijos/ ou na banheira amar, de água vestidos/ amor escorregante, foge, prende-se/ torna a fugir, água no olhos, bocas,/ dança, navegação, mergulho, chuva, / essa espuma nos ventres”.



O do lado difícil do amor, a perda, foi assunto de poema, transformando a dor em poesia. Quem fica impassível a versos como este: “As coisas que amamos/ as pessoas que amamos/ são eternas até certo ponto (....) do sonho do eterno fica esse gozo acre/ na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar”. Mas traz o tempo de superação: “Amar o perdido/ deixa confundido/ este coração (.....) Mas as coisas findas/ muito mais que lindas essas ficarão.”



A poesia, assim como toda arte, perpassa nossa vida, dialoga com a nossa sensibilidade e nos ajuda a compreender e lidar com os nossos sentimentos. É por isso que os poemas de Carlos vão permanecer sempre conosco e ele será considerado sempre o maior poeta brasileiro.





Leia também o post comemorativo de Bel (prima irmã amiga) do Deixo ler e os poemas que estão chegando a cada hora no Fio de Ariadne da Vanessa.

1 comentários:

Bergilde 2 de novembro de 2011 às 11:51  

Tucha,
Belo ver esses dois posts dedicados ao grande Drumond.Aqui você nos apresenta esses detalhes biográficos muito curiosos dele,obrigada mais uma vez pela partilha!

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