O FILME DA MINHA VIDA
Considerando o meio século vivido e uma razoável freqüência ao cinema fiz uma estimativa e acredito já ter visto mais de mil filmes. É claro que tenho os favoritos, outros considero bons e alguns me arrependi de ter visto. Eles me emocionaram, me fizeram refletir, chorar, dar risada.
Como escolher então o filme da minha vida? Decidi por aquele cujo impacto resistiu ao tempo. Permaneceu na memória. Assim, escolhi O Evangelho Segundo São Mateus (Il Vangelo Secondo Matteo), dirigido por Píer Paolo Pasolini.
O contexto da realização, década de 60, era de confronto político e ideológico entre capitalismo e socialismo. Um tempo de lutas e conquistas, em várias partes do mundo pessoas ansiavam por liberdade e igualdade. Mulheres, negros, homossexuais batalhavam pelo reconhecimento dos seus direitos.
A igreja cristã não estava indiferente as essas lutas. Um papa católico, João XXII (é a ele que Pasolini dedica o filme) busca a paz mundial ameaçada com disputa entre EUA e URSS, através da encíclica Pacem in Terris (Paz na Terra). Um pastor protestante, Martin Luter King, é ativista na luta pelos direitos civis dos negros americanos.
Apesar de declaradamente ateu, a figura do Cristo exercia fascinação sobre o cineasta. Sua pretensão ao fazer o filme era tirar o Cristo do pedestal das Igrejas e trazê-lo de volta ao povo, vivificá-lo. Considerava que ele devia ter sido “proletário, revolucionário, incisivo, apaixonado pela vida e pelos homens”.
O texto de Mateus deu a inspiração para o roteiro, não há uma única fala que não tenha sido tirada do evangelho e fez uma releitura coerente e respeitosa, surpreendendo aqueles que esperavam uma versão blasfema, considerando que o cineasta era ateu e marxista.
Sem fazer discussão teológica, usou elementos cinematográficos, especialmente uma fotografia expressiva, e fez um discurso eloquente e audacioso.
Pasolini constrói o filme de forma totalmente diferente das versões hollywoodianas sobre a vida de Cristo. Usando fotografia em preto e branco, sem preocupações com a reconstituição de época, o vestuário dos personagens é simples. As locações do sul da Itália mostram uma paisagem árida e rústica. Quase não há efeitos especiais. Os atores são escolhidos entre gente do povo, com feições comuns, féis ao tipo judeu. O uso de um ator franzino, moreno e não um louro de olhos azuis, faz nascer um Cristo calmo, sério e enérgico.
Como escolher então o filme da minha vida? Decidi por aquele cujo impacto resistiu ao tempo. Permaneceu na memória. Assim, escolhi O Evangelho Segundo São Mateus (Il Vangelo Secondo Matteo), dirigido por Píer Paolo Pasolini.
O contexto da realização, década de 60, era de confronto político e ideológico entre capitalismo e socialismo. Um tempo de lutas e conquistas, em várias partes do mundo pessoas ansiavam por liberdade e igualdade. Mulheres, negros, homossexuais batalhavam pelo reconhecimento dos seus direitos.
A igreja cristã não estava indiferente as essas lutas. Um papa católico, João XXII (é a ele que Pasolini dedica o filme) busca a paz mundial ameaçada com disputa entre EUA e URSS, através da encíclica Pacem in Terris (Paz na Terra). Um pastor protestante, Martin Luter King, é ativista na luta pelos direitos civis dos negros americanos.
Apesar de declaradamente ateu, a figura do Cristo exercia fascinação sobre o cineasta. Sua pretensão ao fazer o filme era tirar o Cristo do pedestal das Igrejas e trazê-lo de volta ao povo, vivificá-lo. Considerava que ele devia ter sido “proletário, revolucionário, incisivo, apaixonado pela vida e pelos homens”.
O texto de Mateus deu a inspiração para o roteiro, não há uma única fala que não tenha sido tirada do evangelho e fez uma releitura coerente e respeitosa, surpreendendo aqueles que esperavam uma versão blasfema, considerando que o cineasta era ateu e marxista.
Sem fazer discussão teológica, usou elementos cinematográficos, especialmente uma fotografia expressiva, e fez um discurso eloquente e audacioso.
Pasolini constrói o filme de forma totalmente diferente das versões hollywoodianas sobre a vida de Cristo. Usando fotografia em preto e branco, sem preocupações com a reconstituição de época, o vestuário dos personagens é simples. As locações do sul da Itália mostram uma paisagem árida e rústica. Quase não há efeitos especiais. Os atores são escolhidos entre gente do povo, com feições comuns, féis ao tipo judeu. O uso de um ator franzino, moreno e não um louro de olhos azuis, faz nascer um Cristo calmo, sério e enérgico.
Quando o vi devia ter uns quatorze anos, era uma adolescente inquieta, ainda sem saber direito se acreditava no Cristo. Questionava as preocupações excessivas com as proibições da minha tradição religiosa: não se podia dançar, nem beber bebidas alcoólicas. Buscando novos fiéis as pregações eram quase ameaçadoras, cheias de exemplo dos que morreram em pecado e fatalmente foram para o inferno, um lugar terrível. Era essa a mensagem do Cristo?
Foi na minha primeira ida ao Rio de Janeiro, fui ao cine Paissandu e lá encontrei o Cristo de Mateus e de Pasolini. Fiquei encantada com aquele Jesus revolucionário, doce e ao mesmo tempo enérgico, disposto a combater a hipocrisia. Com esse Cristo eu me identificava, ele era questionador como eu. Assim o filme mudou realmente a minha vida.
6 comentários:
Com certeza vc viu mais de 1000 filmes na sua vida. O meu blog que vai fazer 6 anos tem quase 500 resenhas.
hehehehehehe
beijos
Pasolini era um gênio, foi uma perda lamentável para o cinema. O filme é belíssimo. Beijo.
Assisti este filme ano passado e tb me encantei. Obrigada por participar do desafio.
Abraço
Vc tem esse filme? Quero ver!
Bj
Olá,belo post.Este fime é um lindo filme.que foge totalmente à maioria das interpretações caretas da vida de Cristo.Pasolini,perda sempre pranteada.Vou seguir seu blog com atenção.Obrigado pelo post.Abraço.
Oi Tucha!
Esse ainda não vi, entra pra minha big lista! rs
Bom feriado!
Bjos,
Paulinha
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