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domingo, 19 de abril de 2009

INDIOS


Quando estive em Manaus, final do ano passado, comprei um livro de poemas de Thiago de Mello, é dele este poema que considero bastante oportuno para o dia de hoje.


MONÓLOGO DO ÍNDIO

Perdido de mim, não sei
ser mais o que fui e nunca
poderei deixar de ser.

De mim me perco e me esqueço
do que sou, na precisão
que já tenho de imitar

o jeito de ser dos brancos
uma inútil tentativa,
que me perde e me dissolve
na dor que não me devolve
o poder de me encontrar.

Já deslembrado da glória
radiosa de conviver,
já perdido o parentesco
com a água, o fogo e as estrelas,
já sem crença, já sem chão,
oco e opaco me converto
em depósito dos restos
impuros do ser alheio.

Resíduo de mim, a brasa
do que já fui me reclama,
como a luz que me conhece
de uma estrela agonizante
dentro do ser que perdi.

2 comentários:

Blog Dri Viaro 20 de abril de 2009 às 11:51  

Oi, estou passando pra conhecer ;)
Bjs

Anônimo,  20 de abril de 2009 às 15:04  

Oi Tucha,
Interessante falar sobre os índios...hoje ouve-se pouco sobre eles...infelizmente...
Tenha uma boa semana!
Bjos,
Paulinha

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