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quarta-feira, 8 de abril de 2009

A CALCINHA E O DESEJO

Numa roda de conversa, uma mulher confessa que sapatos e lingerie são seus itens de consumos mais desejados. Outras declaram a paixão pelas roupas intímas incrementadas. Alguém conta o vexame que uma amiga passou quando, num jantar com um “ex” namorado “rolou” um clima e ela não estava, digamos assim, intimamente bem vestida.

Sorrisos gerais com a história, e, a calcinha entrou na roda. Um desagravo as grandes e beges, e um louvor pequenas, coloridas e cheias de redinhas. Os homens participantes permaneceram calados, mas "ligados" no que se falava.

No dia seguinte, folheando revistas “femininas”, observei a quantidade de propagandas de lingerie, e, mais que isso, as numerosas matérias sobre como conseguir o corpo perfeito para recheá-las. Todo o arsenal de tecnologias para tratamentos que prometem queimar as gorduras e fazer desaparecer as celulites, sem falar nos milagres das cirurgias plásticas.

Além disso, as revistas trazem todas as orientações, as técnicas, as posições certas, para chegar a um super ou multi gozo sexual. As matérias são assim: Orgasmo Já! 7 lições de prazer para experimentar um clímax alucinante. Outra: 8 passos para você nunca mais perder um orgasmo. E até mesmo um Kama Sutra personalizado, para turbinar a relação.

Será que a calcinha é tão importante para despertar o desejo? Será que a atração tem a ver com esses incrementos do corpo? Um corpo imperfeito é menos desejado? E o prazer depende de técnicas, lições e passos?

Uma outra revista, que populariza conhecimentos científicos, atribui a atração aos feromônios. Esses mensageiros químicos inodoros transmitiriam sinais através de um pequeno nervo na base do cérebro, nos deixando prontos para amar. Mas, se apenas o olfato tem importância, então a nossa famosa calcinha não adiantaria, e nós sabemos que especialmente os homens, têm na visão um poderoso afrodisíaco.

Mas a minha questão é será que somos mesmo só sentidos na hora do sexo? E a ternura, os gestos de carinho, as palavras? Será que os jogos amorosos não são muito mais ricos e misteriosos do imaginam as revistas. Recorro aos poetas.



O mistério começa do joelho para cima.
O mistério começa do umbigo para baixo
e nunca termina.

Affonso Romano de Santa’anna – Aprendizagem do Amor

2 comentários:

Bel 9 de abril de 2009 às 12:14  

Nem me fale das tais manchetes... chega a ser vergonhoso ver as capas das revistas. Parece que a mulher (eu?) não sabe como sentir prazer, e precisa ser ensinada... e essas receitas prontas seriam a solução.

O bom mesmo é a poesia!

Ramon Pinillos Prates 11 de abril de 2009 às 00:45  

Agora tá na moda até fazer chá de lingerie.

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