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segunda-feira, 29 de março de 2010

12 LIVROS EM 12 MESES - MARÇO

DIAS E DIAS
ANA MIRANDA
COMPANHIA DA LETRAS - São Paulo 2002

A viagem ao Maranhão inspirou a escolha para a resenha do Projeto 12 livros em 12 meses: o livro Dias e Dias, de Ana Miranda. Como em outros romances da escritora, a inspiração vem da história, mais precisamente da história literária. A fonte inspiradora é o poeta maranhense Antonio Gonçalves Dias (1823-1864), imortalizado pelo poema “Canção do Exílio” (lembram... Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá...)

Apesar de ser fundamentado em extensa pesquisa histórica, não é uma bibliografia romanceada, a autora recria a vida de Gonçalves Dias entrelaçando pesquisa e lirismo. Usa fatos verídicos e ficção para contar dos costumes provincianos do interior do Brasil no século XIX, da vida e da poesia de Dias.
Para isso, a autora recorre a um artifício, cria uma narradora, Feliciana, uma mulher que viveu uma paixão silenciosa pelo poeta. A personagem ficcional dá vida à Dias, numa pespectiva apaixonada, feminina, como a poesia que ele escrevia. ”Ele ateou um incêndio em minha alma com o brilho da sua letra e seus olhos tisnados de carvão, seu nariz arregaçado, seus cabelos anelados, seu raio de luz”.

Revela o menino mestiço, filho de um pai português e uma mãe cafuza, que na infância brincava e escrevia, preparava a sua poesia, “entregando-se a impressões momentâneas e aprendendo a ler em sua própria alma, a reduzir a linguagem harmoniosa e cadente, o pensamento que lhe vinha de improviso.”

Depois Antonio parte para o almejado sonho de estudar em Lisboa e daí em diante, qual uma Penélope extraviada ela espera inutilmente o seu Ulisses. “Ele era o ausente, ele partia e eu ficava.” A vida inconstante e dispersa do poeta que chega a ela através das cartas escritas para Alexandre Teófilo, melhor amigo e confidente de Antonio.

O poeta vai e vem da Europa, freqüente e corteja damas, apaixona-se, sofre horrores com a sífilis, vive um casamento arranjado e morre tragicamente num naufrágio aos 41 anos. E Feliciana permanece acompanhando-o apaixonada.

“Logo que soube da chegada de Antonio no dia 3 de novembro, no Ville de Boulogne, viajei para São Luís e aqui estou, esperando no embarcadouro a chegada do velho brigue francês que partiu do Le Havre, e há dias e dias sinto o meu coração como um sabiá na gaiola com a porta aberta, tenho vontade de girar, girar até ficar tonta e cair no chão, como eu fazia quando era menina.”

Ana Miranda opta por capítulos compactos, e usando as rememorações de Feliciana, tendo os poemas de Dias como pespontos da narrativa, vai compondo sua história como um mosaico lírico e refinado. Recomendo a leitura para os que gostam de se deliciar com as nuances da linguagem, de saborear um texto primososo.

6 comentários:

Dalva Nascimento 29 de março de 2010 às 22:04  

Que delícia de resenha, Tucha! Feliciana é uma personagem criada para compor todo o lirismo de Gonçalves Dias...

Boa semana!

Ramon Pinillos Prates 31 de março de 2010 às 00:55  

EU só consegui ler 1 livro, to início do segundo ainda.

Bebel Sousa 2 de abril de 2010 às 22:00  

Ótima resenha!!

Já havia lido esse livro para o Vestibular daqui de Fortaleza e apesar da obrigação...rsrsrsrs é uma leitura maravilhosa. A narrativa e super deliciosa e a forma em que se organizam os capítulos ajuda bastante.

bjus

Angie 3 de abril de 2010 às 18:51  

Olá, adorei da sua resenha! Gostei dos trechos que vc colocou entre aspas, dá pra ter uma idéia perfeita de como o livro é. Já até anotei esse na minha lista hehe
Beijos!

Unknown 6 de abril de 2010 às 10:28  

Comecei a ler "Boca do inferno" e achei o estilo de escrita da Ana bem elegante. Mas a história em si não está me prendendo muito. Pelo que descreveste desse outro romance, parece ser bem mais interessante para mim. Já está na lista...

Angelica 21 de dezembro de 2012 às 11:42  

Gostaria muito de ler muitos livros, mas eu trabalho duro e eu não tenho tempo. Eu realmente gosto da capa do primeiro livro, porque o cabelos ondulados transmite algo especial. Vou tentar ler esse livro. beijos

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